Lembrar… Rui Knopfli

 

“Um dia eu, que passei metade da vida voando como passageiro,

tomarei lugar na carlinga de um monomotor ligeiro,

e subirei alto, bem alto, até desaparecer para além da última nuvem.

Os jornais dirão: cansado da terra, o poeta fugiu para o céu.

E não voltarei de facto.

Serei lembrado instantes por família, meus amigos,

alguma mulher que amei verdadeiramente

e meus trinta leitores.

Então meu nome começará aparecendo nas selectas

e, para tédio de mestres e meninos,

far-se-ão edições escolares de meus livros.

Nessa altura estarei esquecido.”

                                                  Rui Knopfli

Rui Manuel Correia Knopfli nasceu em Inhambane, Moçambique, a 10 de Agosto de 1932 e fez os seus estudos na África do Sul. Poeta, jornalista, critico literário e de cinema, iniciou uma muito activa carreira na então cidade de Lourenço Marques, actual Maputo. Deixou Moçambique em 1975. É de nacionalidade portuguesa com alma assumidamente africana, terra que amou e trouxe no coração até ao último dos seus dias. Colaborou em vários jornais e revistas e publicou alguns livros. Desempenhou funções de adido cultural na Embaixada Portuguesa, em Londres. Faleceu em Lisboa em 1997. Eu, sua prima direita, em segundo grau, não tive a honra de conhecer o poeta, mas minha mãe deu-mo a conhecer e lembrou-o por muitos instantes da minha vida.

 

29 Respostas to “Lembrar… Rui Knopfli”

  1. Rui Knopfli, que me levava à escola. Morávamos em frente da casa dele, os meus pais eram amissíssimos e eu era colega de turma da filha, a Maria João (tal como a mãe). Saudades. Então … conheci a sua avó que morava ao meu lado.

    • Também fui visita assídua da casa do Rui Knopfli… até 1971 ou 72.

      O cão ainda me mordeu uma vez… atiçado pelo Zé Rui 🙂 – Eu tinha a mania de saltar o portão em vez de o abrir e o cachorro não gostava muito!

      Recordo-me vagamente de outras crianças dali… mais presentes na memória estão a Carla e a Paula Albuquerque, o Tozi…

      Bons tempos aqueles 🙂

      • soniapessoa Says:

        Pois Rui, eu não cheguei a conhecê-lo, apenas atrav+as das histórias que a minha mãe me contava… mas acredito que tenham sido tempos gloriosos. Beijinhos

      • O cão chamava-se Cuca e era um terror. E lembro-me bem que o Zé Rui era quem o atiçava, sim senhor ! Estive em casa da Carla e da Paula Albuquerque em 2009 e já não tem nada a haver. Lembro-me bem do Tozi que tinha dois boxers ! Nós morávamos no prédio em frente – Éramos 5 filhos (coisa pouco vulgar e o meu pai era Director da Shell (Correia de Matos). No mesmo prédio das veigas e da Guida Mano. Depois fomos viver para a Rua dos Aviadores, em frente ao núcleo de arte.

  2. Tinham um MG. A filha mais velha morreu engasgada. O Rui (filho) tinha uns olhos azuis lindíssimos e tinham um cão (tenho o nome debaixo da língua). O mundo é pequeno.

  3. Sou afilhada do Rui, os meus viveram em Moçambique até ao 25 de Abril, e privaram com ele, sendo o meu pai um grande amigo dele.Chamo-me Maria Manuel em homenagem à sua filha que faleceu pouco antes de eu ter nascido.Na casa dos meus Pais lembramo -lo muitas vezes e a sua poesia é uma constante nas nossas vidas. Poucos dias antes de ele falecer falei com o Rui ao telefone, nunca vou esquecer as suas palavras…
    Lamento muito não o ter conhecido, a vida dá muitas voltas e com o 25 de Abril, todos nós demos rumos diferentes às nossas vidas.

    • A minha irmã foi hóspede do Rui Knopfli quando ele foi adido cultural, em Londres. Estava a tirar um curso e foi muito bem recebida. Deixei LM em 1967 e nunca mais os vi. Nem a ele, nem à mãe Maria João, nem a filha Maria João que era minha colega de escola) nem ao Zé Rui. Lembro-me sim do nome da Maria Manel. Ainda me vou lembrando de todos os amigos apesar de termos perdido o contacto. Qual é o seu apelido ? Tive uma professora Maria Manel da Escola Rainha Santa Isabel mas não me recordo de conhecer mais ninguém com esse nome.

  4. Susana Knopfli Says:

    Olá,

    Eu sou a 1º neta do Rui….Filha do Zé Rui dos grandes olhos azuis….
    Acho muito sinceramente lindo todo o que consigo encontrar na internet sobre uma pessoa que já morreu vai fazer 12 anos…..
    è com mta mta mas msm mta saudade que me lembro do seu riso, das suas piadas, das sua notoria personalidade….
    Nunca me irei esquecer das últimas palavras que me dirigiu naquela manha de 25 de Dezembro:
    Estou bonita Avô? – perguntei com a roupita nova da noite anterior

    “ESTAS LINDA FILHA, NUNCA ESTARÁS ASSIM TAO BONITA”

    Talvez tivesse razão, pois aos olhos dele nunca + estive……

    Obg….

    • soniapessoa Says:

      Olá Susana, que bom encontrar-te, até porque, afinal, ainda somos parentes. É como já disse aqui várias vezes, não conheci o Rui, conheço-o apenas nas memórias da minha mãe. Gostava muito de o ter conhecido pessoalmente… beijinhos e aparece mais vezes.
      Sónia Pessoa

    • Olá Susana

      Tive o enorme privilégio de conhecer o teu Avô, a tua Avó, o teu Pai e a tua tia Mª João – a minha mana – a Bé -, sempre que falamos neles, recorda os olhos azuis dele… e eu os verdes da Maria João :).

      Recordo o teu Avô como uma pessoa de uma mentalidade e personalidade e invulgares para aquela época!

      Privámos com eles entre os meus 9 e 13 anos (por volta de 1966 – 1970).

      Ainda recordo o matraquear da máquina de escrever… e muito mais…

      Creio que foi ele que me fez gostar de Poesia!

      Tenho um site dedicado à literatura e tenho o sonho de lá colocar uma página dedicada ao Rui Knopfli mas gostava de o fazer com a permissão dos seus filhos!

      Será que podes ajudar-me??? Talvez transmitindo isto ao teu Pai?

      O meu endereço de correio electrónico é rui.almeida@letrasdispersas.com.

      Um abraço,

      Rui

  5. Susana Knopfli Says:

    Caro Rui;

    Assim q puder irei transmitir a tua vontade ao meu Pai e Tia, creio q não haverá qualquer problema pois o meu Avô sempre defendeu a liberdade da Imprensa e tudo o q seja para divulgar/dar a conhecer a obra dele está desde logo aprovado.

    Obg e bjs

    Susana

    • Obrigado Susana (engraçada coincidência… tenho uma filha que também se chama Susana!).

      Será para mim um grande orgulho falar de Rui Knopfli e da sua obra.

      Abraço a todos vós… e um beijo da Bé aos manos Zé Rui e Mª João.

      Rui

  6. Rui Knopfli Says:

    Foi com um misto de orgulho e emoção que li estas páginas. Bem haja a todos.

    • soniapessoa Says:

      Olá Rui, que bom, que prazer, que honra ler-te aqui… engraçado, somos primos, nem sei bem em que grau, e nem sabíamos da existência de cada um… pequeno este mundo. Gostava de ainda um dia vos poder conhecer…
      beijinhos,
      Sónia (também Correia) Pessoa

    • Paulo Morgado Says:

      Alô Zé Rui,
      Fomos amigos em Lourenço Mrques, eu morava na Gov. Simas e tu mesmo ao lado.
      O Tómané Botelho de Melo está a reunir nomes da malta da Rebeloda Silva e dos outros do nosso bairro. Se esta mensagem chegar até ti manda-me um mail com o teu contacto.

      • soniapessoa Says:

        Farei com que a mensagem lhe chegue. Sónia Pessoa

      • O meu irmão estudou na Rebelo da Silva (Luis Correia de Matos) até 1967 e morámos na Bellegarde da Silva, e em seguida na Rua dos Aviadores, numa paralela à Governador Simas, em frente ao Núcleo de Arte. Lembro-me tão bem do Chinês que vendia pastilhas de mentol e dos matraquilhos ao lado do talho da esq, Gov. Simas e Bellegarde da Silva. Frequentávamos o Touring Club, a caminho do Museu de História natural, onde a minha tia foi conservadora até 1977…. Se interessar, posso dar o contacto dele, se se lembrar ainda dele. Éramos um bando deles …

  7. Por pesquisa no Google cheguei a este sítio. Fico muito feliz por saber que há família de Rui Knopfli trocando mensagens e dando-se a conhecer. É um dos meus poetas preferidos, de tal modo, que para o divulgar, visto que pouco se tem falado da sua poesia nos últimos anos, fiz um blog Fazendo Caminho I e depois Fazendo Caminho II (de momento terminei a divulgação de Rui Knopfli e também Gloria de Sant’Anna).
    Um abraço a todos.

  8. Como conheci? Boa pergunta….mas não sei responder. Na verdade vivi em Moçambique cerca de 30 anos, nunca conheci pessoalmente Knopfli, porque ele vivia em LM e eu na Beira, também não me chegavam às mãos os seus livros, nem me lembro se tive alguma vez algum, mas sempre gostei de poesia e andei sempre “atrás dela” de toda ela. Com Knopfli acontece-me lê-la e entendê-la, pelo menos muita dela e sentir aquela estranha sensação de estar em casa. Isso deve-se talvez ao facto de ter vivido praticamente sempre em Moçambique e a mistura das culturas deve ter originado uma linguagem própria, que Knopfli usou em toda a sua poesia. Aliás tenho uma atracção considerável por toda a poesia de vem de África. Acho que se percebe porquê….

    • soniapessoa Says:

      Eu nunca estive em Moçambique, mas adoraria ter estado… os meus pais casaram em Angola (o meu pai esteve lá na guerra, e a minha mãe foi lá para casarem) e quando falavam de Angola era com esse mesmo sentimento. Não lhe vou perguntar a idade, pois não se pergunta a idade a uma senhora, mas estou certa de que os netos já devem andar aí pela forja, convido-a a conhecer o livro que editei em Dezembro do ano passado. Chama-se “Ser Diferente é Bom”, não é poesia, mas acredito ser uma boa leitura para os mais novos… beijinhos

  9. Sónia,
    Depois vejo com mais atenção o seu livro. Tenho uma neta já adolescente e um de 18 meses.
    E olhe, também vivi em Angola alguns anos. Tenho mais anos de África do que de Portugal. Isso dá uma mistura esquisita….
    Gostei de saber que existe família de Knopfli por aqui. Alguém me disse há uns tempos atrás que não haveria muita ligação entre o poeta e os netos, o que não sendo verdade me agrada imenso, imenso!

    • soniapessoa Says:

      Penso que não será completamente verdade, apesar de que o Rui esteve quase sempre fora de Portugal, tendo sido adido cultural na Embaixada de Londres durantes alguns anos, se a memória não me falha. Beijinhos

  10. Cristina Says:

    QUe sorte encontrar este canto. Hoje sou professora, e acabei há pouco de analisar um poema de Rui KNopfli, com os alunos, e sendo eu natural de África, tendo vivido em Nampula , na Ilha de Moçambique, em QUelimane em Lourenço Marques,nunca tive a sorte de ter podido conviver com ele. Ensiná-lo aos alunos torna-se complexo. “O monólogo” é belo . Procura-se na internet dados…mas serão esses dados suficientes para explicar a poesia do Rui? Muito obrigada por ouvirem este desabafo. Cristina Mota

  11. Duarte Gouvêa Lemos Says:

    Tenho uma vaga ideia de um cágado andando pelo quintal,bastante vegetação, e muita animação. Tinha eu em torno de oito anos de idade. Neste lugar inspiramos o nome da minha irmã caçula… Maria João deixou-nos com também 8 anos.

    • Perdi o contacto com a Tareca Gouveia Lemos. Eram filhos de um jornalista notável e frequentavamos a vossa casa porque tal como vocês, erámos muitos e vestiamos todos de igual 🙂 (foi uma memória que me ficou) Tudo em escada. Ouvi dizer que a Tareca está no Brasil. Por pouco não nos enncontrámos cá quando ela ainda vivia em S. João do Estoril.

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