No mesmo dia em que José Sócrates afirmou não haver lugar na agenda política do governo à discussão sobre a legalização dos casamentos homossexuais, a RTP exibiu uma reportagem sobre a homoparentalidade, ou seja, crianças que vivem no seio de uma familia homoparental. Famílias novas que resultam de uma ligação entre duas mulheres, ou entre dois homens, onde já existiam filhos de um casamento anterior. Noutros casos, porque a adopção de crianças não é legal no nosso país, existem ainda casos de mulheres que recorrem à inseminação artificial, como forma de concretizarem o sonho de ambas em serem mães. O programa Em Reportagem mostra-nos uma realidade que urge atenção por parte dos nossos governantes na regularização de direitos que nos assistem enquanto seres humanos, seres responsáveis e plenos de direitos e deveres numa sociedade que não é mais a mesma de há cinquenta anos atrás… uma sociedade em que a diversidade é sinónimo de riqueza, onde os direitos humanos não devem ser relegados para terceiro plano nas agendas políticas deste país.
Não há muito tempo alguém me perguntou porque defendia eu a legalização da adopção de crianças por casais homossexuais, porque defendia eu, através de um livro, os direitos reclamados pelos mesmos. A pergunta não me surpreendeu, muito embora não seja essa a abordagem do livro que escrevi… respondi que aquilo que eu defendo em primeira instância são os interesses das crianças, os milhares de crianças que esperam, nas instituições, por uma família que não chega, quando existem casais dispostos a dar-lhes o carinho e amor que elas tanto anseiam e precisam.
Enquanto não me provarem que a adopção de crianças por casais homossexuais é prejudicial à criança em termos da sua formação social e pessoal, eu vou continuar a lutar por esta causa que não é mais do que reconhecer que mais do que sermos iguais, somos diferentes e só temos a ganhar com isso, mais importante do que os preconceitos é a possibilidade de proporcionar a uma criança um lar e o direito a ser feliz.
A reportagem pode ser vista aqui:
(chamo à vossa atenção para o depoimento da Dra. Gabriela Moita, autora do prefácio do meu livro “Ser Diferente é bom”, que será lançado muito em breve pela Editora Papiro)
http://ww1.rtp.pt/multimedia/?tvprog=20716&idpod=17599&formato=flv