Tenho estado a pensar que frase introdutória ponho aqui… acho que não preciso de pôr nenhuma, o texto é em si bastante esclarecedor… Portugal (do séc .XXI) no seu melhor…
“O livreiro a quem a PSP de Braga apreendeu cinco exemplares de um livro que reproduz na capa uma pintura de Gustave Courbet, por a considerar “pornográfica”, vai recorrer aos tribunais.
Em declarações à Lusa, António Lopes adiantou que vai, também, enviar exposições ao Presidente da República, e aos grupos parlamentares da Assembleia da República: “sei que a PSP não recebeu ordens do ministério da Cultura, mas a verdade é que se sentem, actualmente, à vontade para o fazer”, afirmou.
Para o empresário, “esta deve ter sido a primeira vez que um livro foi apreendido depois do 25 de Abril”.
A Lusa tentou contactar o Comissário Henriques Almeida, subcomandante da PSP de Braga mas não conseguiu, até ao momento, obter uma reacção.
António Lopes adiantou que os três agentes policiais entraram na tenda onde está a decorrer uma feira de livros de saldo, e elaboraram um auto no qual afirmam terem apreendido os livros por ter imagens pornográficas expostas publicamente.
Os agentes argumentaram que alguém havia feito queixa do facto e que se tratava de uma medida cautelar que teria, depois, de ser validada pelo Tribunal.
A apreensão – garantiu António Lopes – não só não afectou a presença de público como até a aumentou. “Tem vindo muita gente ver os livros e manifestar-nos solidariedade”, disse.
O quadro do pintor oitocentista – tido como fundador do realismo em pintura – expõe as coxas e o sexo de uma mulher, sendo, por isso, a sua obra mais conhecida. Pintado em 1866, está exposto no Museu D’Orsay em Paris.
Em declarações, António Lopes manifestou-se “indignado” com a atitude da PSP: “isto é uma vergonha, um atentado à liberdade”, afirmou.
O empresário, é um dos sócios da distribuidora ‘Inovação à Leitura’, de Braga, que organizou a Feira do Livro em Saldo e Últimas Edições, que está a decorrer, até ao dia 8 de Março, na Praça da República – vulgo Arcada – no centro de Braga.
Segundo os especialistas, Gustave Courbet era já um pintor “conhecido em França pela sua destreza técnica mas sobretudo pela sua atitude crítica e corrosiva em relação à sociedade burguesa, que não perdia ocasião de afrontar”.
Courbet, um socialista convicto, ao representar frontalmente as coxas e o sexo de uma mulher, com o quadro A Origem do Mundo abalou profundamente o meio artístico, tendo a sua exposição pública sido proibida na época. “