É engraçado dar uma voltinha pela blogosfera e constatar que um dos temas principais é o regresso às aulas das nossas crianças… porque não gosto de meter nojo, de me armar em diferente e nem queria parecer insensível ao assunto, cá estou eu a dar o meu contributo no que respeita à minha experiência pessoal.
Este ano tanto a minha mais velha como o meu mais novo experimentam realidades diferentes, ela porque vai para o 10º ano, ele porque se atira às feras ao ingressar no 5º. É interessante observar a reacção de cada um, e a minha também. A mais velha está descontraída, disfarçadamente descontraída, mas alegre e feliz, expectante mas calma como é de seu feitio. Em relação a ela, também eu me sinto calma, é uma excelente aluna, extremamente responsável, nunca me deu qualquer tipo de problemas, antes pelo contrário apenas motivos de orgulho. O mais novo está nervoso, mas vaidoso, ontem antes do jantar, assumiu uma postura crescida quando se sentou a fazer os primeiros trabalhos de casa. Hoje quis ir para a escola sozinho (são cerca de 200 metros) e eu deixei… mas fui atrás de carro, qual figurinha triste, a controlar a situação. A mais velha ao meu lado gozava comigo e ficou ali mesmo a saber que lhe fiz o mesmo no primeiro dia em que também ela foi sozinha para a escola!!
Depois de os deixar a cada um na respectiva escola, enquanto voltava para casa, dei comigo a pensar. Ainda me lembro de quando os deixei, a um e outro, no infantário… o edifíco colorido, as salas aconchegadas, as cadeirinhas pequeninas… uma visão que nos dá, a nós pais, a segurança necessária para os deixarmos iniciar o percurso da vida. Na escola primária, ainda que não tão colorido, faltam os brinquedos, os desenhos nas paredes, continuamos a sentir alguma segurança, sabemos que os nossos bebés ainda estão protegidos. A passagem para o 5º ano é um corte radical do cordão umbilical, quando hoje deixei o mais novo (sem ele me ver, claro! lembrem-se que era suposto ele ir sozinho!!!), dei por mim a olhar para o edíficio, até é colorido (amarelo), mas é grande, muito grande… grande demais! E o meu mais novo pareceu-me, de repente, muito novo, muito pequeno para percorrer este novo caminho. Mas ele ía tão orgulhoso, com os olhos tão brilhantes, tão feliz, que soube nesse instante que é mesmo a altura certa, o momento de, sob vigilância e o nosso olhar atento, deixá-lo voar mais alto e atrever-se nessa estrada que é a vida…
