Esclarecimento
Sempre que digo que trabalhei, durante doze anos, no Jornal Público, surge a confusão… porque quando se fala em jornais, televisões, aquilo em que as pessoas pensam, automaticamente, é em jornalistas. Apesar de ter o Curso Superior de Comunicação Social, quando entrei para o Público, foi para Secretária de Redacção, e, deixem-me dizer-vos, gostei tanto que nunca fiz nada para tentar o lugar de jornalista. Por um lado, porque achava que não tinha a vontade necessária para me entregar a uma profissão dessas (e aqui honra lhes seja feita…) e depois porque descobri no trabalho que fazia uma grande realização pessoal.
Quando entrei para o Público, com uns tenros 22 aninhos, pensava eu, que uma secretária de redacção serviria para atender telefones e pouco mais. Com o tempo, descobri que, entre atender telefones, fazer agendas, marcar fotografias, estabelecer a ponte entre os jornalistas e editores, passar horas intermináveis em reuniões, atentas aos mais infímos pormenores (que são os que fazem a diferença…), marcar serviços, falar com os correspondentes, etc, o meu papel ía muito mais longe do que isso e era essencial numa redacção onde trabalhavam cerca de 50 pessoas, que é o mesmo que dizer, 50 seres humanos, com sucessos e fraquezas para gerir, quase 24 sobre 24 horas.
Quando dei por mim era quase como ter uns quantos filhos para cuidar, acarinhar, mimar e às vezes, quando era preciso, ralhar. Havia uma relação especial com os correspondentes, que por não estarem presentes fisicamente, era preciso dar-lhes confiança, ouvir-lhes as queixas, animá-los nas dificuldades, resolver-lhes problemas ou ouvi-los simplesmente. Houve muitos momentos em que, pelo carácter das situações, as emoções eram por vezes tão intensas e avassaladoras que não eram nada fáceis de gerir. E lá estavam as secretárias de redacção para atenuar a coisa, dar um mimo, um abraço, contar uma piada para aliviar a tensão. E claro está, também para fazer caldo verde, no meio da redacção, num fogareiro de campismo, em noites de eleições autárquicas…
Gostei muito do que fiz, e os momentos que passei, bons e maus, não os trocava por nada deste mundo…
Nota: Serve também este post para uma homenagem merecida às secretárias que por lá continuam e fazem um trabalho absolutamente fantástico.
Julho 10, 2008 às 9:44 pm
É por estas e por outras que ando a tentar convencer o meu boss, que um director de produção precisa de uma secretária…
É que ás vezes precisamos de uns miminhos, as máquinas são muito insensiveis!…
Julho 10, 2008 às 10:55 pm
Essa é uma das mais importantes etapas da produção da notícia, mas, normalmente, pouco reconhecida.
Vivemos num mundo em que só quem apresenta as notícias é que é importante. Um pivô é – quase sempre – apenas aquele que lê o que os repórteres lhe escreveram.
Bjs
LC
Julho 11, 2008 às 11:22 am
Oh minha linda…só tu! Carinhosamente bem escrito, comovente…que saudades que dá! Obrigada por nunca te esqueceres de quem ainda por cá está e, acredita, os melhores tempos foram mesmo os de que falas e em que eras parte desta pool de secratariado.
Adoro-te!!!
Beijica,
PaulaF.