Aquilo por que luto, com palavras e histórias…

 

Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para analisar.

 

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.

 

Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

 

Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

 

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

nem sinais de negro
nem vestígios de ódio.

Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.

 

António Gedeão

 

Poema retirado de http://oqueeojantar.blogs.sapo.pt

Imagem retirada de http://passagempelavida.blogspot.com

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